Conversava no outro dia com um avô na casa dos 60 anos. Dizia-me que eram ambos (casal) reformados, tinham vivido sempre do comércio (eram comerciantes). Para além do percurso de vida, com uma saída permatura da escola e dedicação ao negócio da família, falavamos do tempo presente, da necessidade de mudança, da falta de esperança, do não estarmos a ver alternativas, ...
Falavamos de eles já não se sentirem parte da solução, que a coisa agora era para os novos, ...
Discordei, invoquei a ideia de alguns, que a geração deles, é a mais instruída, tem acesso à internet, muito saber/ experiência, e que pode fazer muitas coisas...
Disse-me que ambos usavam a internet. Procurei saber para quê. E lá veio a história.
Tinham visto na TV, já fazia, algum tempo, uma reportagem sobre as crianças de Moçambique e os programas de padrinhos. Decidiram ser padrinhos de uma.
Eram uns verdadeiros avôs digitais... sabiam tudo sobre o menino, 'falavam' regularmente pela internet e as vezes até ajudavam nos trabalhos de casa.
Ambas as partes sonhavam com uma viagem para se conhecerem ao vivo; uns a Moçambique o outro a Portugal.
Fechei o 'loop', dizendo que eles já estavam a fazer a mudança, já estavam a dar o contributo deles e que afinal, estavam a fazer muito mais do que diziam... a internet como mediador tecnológico, estava a permitir que estas pessoas se sentissem melhor, contribuindo para que uma criança numa outra parte do mundo pudesse ter uma vida melhor.
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